quarta-feira, 21 de julho de 2010

Antônio de Souza Netto

Antônio de Souza Netto foi um dos líderes da Guerra dos Farrapos (1835/1845) e proclamador da República Rio-Grandense, em 11 de setembro de 1836.

Sendo logo após promovido a general, Netto foi a principal liderança no "front" de batalha com a ausência de Bento Gonçalves - preso no Rio e, depois, na Bahia - e o único líder contrário a paz, no final da guerra, porque não aceitou a derrota, a reintegração ao Brasil e as condições desonrosas para os farroupilhas e escravos (que lutaram sob a promessa de liberdade). Netto foi o melhor cavaleiro da história do Rio Grande - e não Osório, que o Brasil retribuiu com benesses, títulos nobiliárquicos e a menção de "patrono" da Cavalaria.

O General Netto era valente e corajoso, sempre à frente da vanguarda de sua Brigada Ligeira. Representava a síntese do gaúcho, admirado pelos subordinados, era considerado o "mimo" dos farroupilhas. Inicialmente, não demostrava ser republicano, mas devido ao descaso do Brasil durante a guerra e influenciado pelos fervorosos camaradas republicanos e separatistas, tornou-se defensor da autonomia e separação do Rio Grande, das liberdades civis e da abolição aos escravos que lutaram pela República e, posteriormente, o fim total da escravidão.

Com a derrota dos farroupilhas, Netto não concordou com o acordo de paz aceito pelos seus camaradas; acreditava que o certo e decente era continuar a lutar e defender a República Rio-Grandense e os ideais de liberdade até o fim. Perdendo quase todas as suas propriedades pela causa no Rio Grande, foi viver no Uruguai em seu auto-exílio. Levou consigo mais de 200 negros, ex-escravos, cumprindo, em parte, sua promessa de liberdade aos que lutaram pela República. Viveu por quase 20 anos em conflitos no Rio Grande, Uruguai e Argentina, participando de quase todas as guerras neste período (1845/1865), inclusive participando ativamente da política e da possibilidade da retomada da República Rio-Grandense.

Quando visitava o Rio Grande, era normalmente visto no Campo dos Menezes, perto do Arroio Seival, relembrando o passado (local do Combate do Seival (10/09/1836) e da Proclamação no dia seguinte). Era um inimigo potencial do Brasil, pois além de estar vivendo no Uruguai, ainda era muito respeitado e admirado no Rio Grande; comentava-se de acordos para realizar o grande sonho de Artigas: a Confederação entre Uruguai, Rio Grande e as províncias rebeldes do norte da Argentina (Entre Rios, Corrientes e Santa Fé).

Certa vez, em 1864, foi representar os gaúchos insatisfeitos, que viviam no Uruguai, junto à corte imperial. Recebido pelo próprio imperador D. Pedro II, relatou os problemas da insegurança e conflitos na fronteira, afirmando que se o Brasil não tinha condições de proteger os rio-grandenses, os próprios rio-grandenses e ele (Netto) fariam isso - uma indireta clara da retomada da República Rio-Grandense. Enquanto isso, no Rio Grande, o Império do Brasil gastava alta somas com benesses e títulos nobiliárquicos aos gaúchos imperialistas, contra a ameaça da República Rio-Grandense bradar novamente por liberdade.

Desejo de liberdade que durou até a Guerra do Paraguai. Uma vez invadido, o Rio Grande uniu-se, imperialistas e republicanos, para defender o território gaúcho. Netto estava entre eles. Comandando a Brigada Ligeira dos Voluntários Rio-Grandenses, Netto, à frente de 1.500 cavaleiros, ostentava o pavilhão tricolor da República Rio-Grandense, para desconfiança de alguns e remorsos de outros. Era a propaganda da República. Netto acreditava que o Rio Grande, após o fim da guerra, poderia voltar a ser independente ou o Brasil inteiro proclamaria a República (Confederação de Repúblicas Independentes). Comentava-se que a Tríplice Aliança era, na verdade, representada por "quatro comandos". Participou com destaque, aos 63 anos, da campanha aliada até a Batalha de Tuyuty. Ferido em combate, foi enviado ao hospital militar de Corrientes, Argentina. Faleceu, misteriosamente, em 1º de julho de 1866. Nem os familiares diretos (mulher e filhas) tiveram acesso aos dados da "causa morte". Ferido ?? Febre ?? Envenenamento ?? Não importa, o Brasil conseguiu livrar-se cruelmente do seu principal inimigo no Rio Grande.

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