terça-feira, 20 de julho de 2010

A Escravidão No Antebellum

A Escravidão No Antebellum

Em tempos coloniais, os americanos viam a escravidão como um mal necessário. Quando os Estados Unidos tornaram-se independentes, os poucos abolicionistas da época pressionaram o governo do país a abolir a escravidão na Constituição do país, mas não tiveram sucesso.

No período imediatamente após a independência é clara a hegemonia dos Estados do Sul, sendo relevante destacar que durante 32 dos primeiros 36 anos após a independência, a presidência é ocupada por proprietários de escravos provenientes da Virgínia, estado onde estavam 40% dos escravos do país, sendo que 12 das primeiras 16 eleições presidenciais, entre 1788 e 1848, colocaram um proprietário de escravos do Sul na Casa Branca.

Tal hegemonia devia-se em parte ao peculiar Compromisso dos Três Quintos, segundo o qual, para efeito de determinação do números de representantes dos Estados no Colégio Eleitoral que elegia o presidente, levava-se em conta a população de escravos, que não eram eleitores, reduzida a três quintos.

No começo do século XIX, vários nortistas começaram a ver a escravidão como errada, desnecessária e imoral para o país, e muitos deles começaram a advocar ideias abolicionistas. Uma minoria dos sulistas, por sua vez, também possuía ideias abolicionistas. Porém, a maioria da população livre do Sul apoiava a abolição da escravatura. Cerca de metade da população dos Estados do Sul era composta por afro-americanos e seus descendentes, considerados mão de obra forte, saudável e obediente. A maioria dos sulistas lucrava muito com a escravidão e esta fazia parte da cultura local. Cerca de um terço da população branca do Sul era um membro de uma família dona de escravos. Cerca de metade destas famílias tinham entre um a cinco escravos, e 1% tinham mais de cem. Mesmo muitos sulistas que não possuíam escravos eram a favor da escravidão, o que caracteriza o conceito de Sociedade Escravista criado pelo professor Douglas Colle Libby da Universidade Federal de Minas Gerais, que significa: aquela sociedade em que ocorre a escravidão e que esta é de tal forma impregnada na sociedade que determina como as demais pessoas se relacionam ao trabalho.


Em 1850, um conjunto de actos, reunidos no Compromisso de 1850, foram aprovados pelo Congresso americano, numa tentativa de solucionar os atritos entre o Norte e o Sul. Os Compromissos permitiriam a continuação da escravidão, mas proibiriam-na no Distrito de Columbia. O Compromisso também admitiria a Califórnia à União como um estado livre (onde a escravidão seria proibida), mas permitiria a escravidão em territórios recentemente adquiridos ou criados, bem como o direito de decisão entre a permissão ou a proibição da escravidão.

Em 1854, o Ato de Kansas-Nebraska foi aprovado pelo Congresso, novamente, numa tentativa do governo americano de tentar solucionar os atritos entre o Norte e o Sul. O Acto criou os territórios de Kansas e de Nebraska, e permitia a escravidão nestes dois territórios. O Acto também especificava que, caso um território fosse elevado à categoria de Estado, a sua população teria o direito de votar a favor ou contra a continuação da escravidão. Porém, muitos nortistas opuseram-se a este Acto, alegando que, uma vez que a escravidão estivesse bem fincada num território, estaria ali para ficar. Em 1856, a maioria da população de Kansas votou contra a escravidão, mas grupos pró-escravidão recusaram-se a aceitar a decisão, e, logo, revoltas populares surgiram no estado. Ainda no mesmo ano, um senador abolicionista foi espancado até ficar inconsciente por um representante do Sul. Em 1861, o Kansas juntou-se à União como um estado livre.

A Decisão Dred Scott foi um caso judicial julgado pela Suprema Corte. No caso, Dred Scott, um escravo, reivindicava a liberdade, alegando que já havia morado em um território livre. Porém, a Suprema Corte decidiu que ele, como escravo, era propriedade. Além disso, a Suprema Corte alegou que negros não podiam ser considerados cidadãos americanos. Esta decisão gerou grande controvérsia e raiva no Norte.

Em 1858, o senador William Seward, que posteriormente tornar-se-ia o Secretário de Estado de Abraham Lincoln, caracterizou as diferenças entre o Norte e o Sul como um "conflito irreparável". O motivo deste conflito, segundo Seward, era a escravidão. Em 1859, um abolicionista extremista, chamado John Brown, e seguidores, tentaram iniciar uma rebelião de escravos num vilarejo da Virgínia Ocidental. Brown, porém, foi capturado um dia depois. Foi julgado e condenado à morte por enforcamento, culpado de traição. Vários sulistas viram esta rebelião como uma acção do Norte para tentar acabar com a escravidão através da força.

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