sábado, 14 de janeiro de 2012

O Despertar Da Múmia


Os Justiceiros, uma associação que comete crimes em nome de uma justiça que não funciona, deixa Tom Devlin impotente perante uma série de homicídios que vem afligindo São Francisco. Esta terrível associação justifica os seus actos em nome de uma ética perdida, porque, segundo ela, os culpados acabam sempre por ficar impunes e fugir da justiça.

Tom Devlin chama Tex e Carson para o ajudarem e, em breve, os dois rangers vão defrontar-se com um véu de mistério. Em ambiente urbano, Tex e Carson defrontam-se contra um misterioso grupo de assassinos, o que parece ser corrente nas aventuras texianas.

O que parece fugir dos habituais cânones são as reais motivações que levam esse grupo a cometer uma série de homicídios e aqui, forçosamente, encontramos uma certa originalidade, mas sobretudo uma acentuada crítica de Nizzi às sociedades atuais. Ora, estas hoje movem-se por teias de corrupção, chantagem e crime, factos que por si só caem, ou pelo menos deveriam, na alçada da justiça.

O que se assiste, bem pelo contrário, é uma ausência generalizada da justiça das leis, uma justiça que não funciona e que até acaba por se demitir em casos onde altos interesses estão em jogo. Por isso, Nizzi apresenta uma aventura protagonizada por uma associação de homens que pretendem fazer justiça pelos seus próprios meios, fazer a sua própria justiça, pelo simples motivo de que os tribunais pouco funcionam.

Esta associação age contra a lei instituída, mas fá-lo sob pressupostos próprios de ética e moral. A bem ver e, até certo ponto, a conduta texiana move-se também ela por certos pressupostos éticos e morais que muitas vezes vão para além da justiça das leis e dos homens.

Mas o que separa esta conduta da prática dos justiceiros são menos os fundamentos e mais os meios e o resultado que se pretende, porque a partir do momento em que estamos perante crimes e obtenção de dinheiro, deixa de existir, para além da justiça, a tal ética e a tal moral.

Toda esta dinâmica está patente ao longo de toda a aventura, o que se revela sempre muito interessante, uma vez que ela conduz fatalmente ao aprofundamento da ideia inicial, a tese de que as leis não funcionam.

Se Tex e Carson acabam por desmantelar o grupo, será que funcionou a verdadeira justiça ou esta, bem pelo contrário, não continuará a demitir-se de atacar rente todos os que não agem de acordo com a lei? Nizzi não responde a esta questão, porque bem no fundo ele próprio sente-se impotente em assumir uma atitude, uma vez que, enquanto a justiça não for cega ela nunca será verdadeira e, com isso, estará a semear o terreno onde outras associações poderão florescer.

Roteiro de Nizzi, arte de Victor de la Fuente e capa de Villa

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