terça-feira, 23 de agosto de 2011

Diablero


Yaco e Rúbrio, índios apaches mexicanos, são assassinados em circunstâncias estranhas em duas noites seguidas de lua cheia testemunhada por inusitada aparição feminina e por sinistros uivos de lobos. Mangos, o feiticeiro da aldeia, pressentindo maléfica ação invisível, põe todos em alerta principalmente após investigar a última morte e se convencer tratar-se de um "diablero", segundo sua crença, um ser malvado dotado de grandes poderes e mais perigoso que um bruxo.

Resolve assim avisar todas as aldeias da região e contar com seu auxílio além de procurar também pelo estrangeiro de Pilares do qual sabia ser grande conhecedor destes assuntos.

Assim, três semanas depois chega ao Forte Davis um mexicano com mensagem de El Morisco ao amigo paleontólogo, capitão médico Walson, convidando-o a investigarem um caso raro de licantropia, ocorruido numa aldeia apache de Sierra do Hueso. Tex e Carson que estavam presentes ao recebimento do estranho convite e por se tratar do incrível El Morisco quiseram, juntamente com Kit Willer e Jack Tigre, acompanhar o guia mexicano que conduziria o capitão.

Naquela noite, enquanto os seis cavaleiros estavam acampados em pleno caminho para a Sierra do Hueso, Eusébio e seu singular patrão, juntos a um guia apache, também passavam por arrepiante experiência: já era noitinha e estavam bem próximos da aldeia quando se viram perseguidos por dezenas de lobos assassinos acompanhados de horripilantes e desconhecidos uivos. O trio pôs-se em fuga com as perigosas feras a seus calcanhares.

O guia Ocampo, em paradas de revezamento com Eusébio retinha com tiros de espingarda a perigosa aproximação dos animais enquanto Morisco corria em direção à aldeia. Ao ecoar na adeia aquele alvoroço Mangos adivinha os acontecimentos e se apressa em reunir vários guerreiros com tochas a aguardar, na pista de estrada, pela infeliz chegada dos visitantes. Logo patrão e empregado a muito custo alcançam aos apaches, mas o valente guia não aparece. É vitimado antes.

Protegidos dos ferozes animais dentro de um círculo de tochas de fogo, todos recuavam quando estridente grito é ouvido. Pouco à frente, em plena claridade da lua cheia avista nitidamente bela figura feminina. Logo em seguida as selvagens feras se retiram deixando perplexo El Morisco e seu ajudante.

Nesta mesma madrugada, já em seu esconderijo, a esguia índia realiza intrigante ritual utilizando-se de raízes, brasas e sua mascote lagartixa. De forma fantástica inteira-se da aproximação perigosa de Tex e seus pards conduzidos pelo mexicano Miguel á aldeia apache. Decide eliminar o guia mexicano e retardar ou impedir o restante de atingir seu objetivo.

Então parte imediatamente para o Rio Bravo na fronteira com o país americano e ao amanhecer já realizava seu intento: escondida em uns juncos dentro do rio e se deixando conduzir pela correnteza do rio, aproxima-se da balsa de travessia dos estrangeiros. Utilizando uma silenciosa zarabatana, acerta com pequena flecha envenenada o pescoço do infeliz guia que imediatamente cai pesadamente nas mãos de seu interlocutor naquele momento: Tex.

Surpreso e ainda perplexo, ao examinar o cadáver e descobrir a seta envenenada, Tex logo vê o motivo daquela repentina morte e deduz que o assassino só poderia ter se aproximado pelo rio. Como a única suspeita recai sobre uns juncos ainda no seu campo de visão, o astuto ranger encarrega Kit e Tigre de procurar por pistas nas margens assim que descerem em terra firme.

Em Pilares, temerosos habitantes relutaram conduzir os americanos até a aldeia apache que sem outra solução seguiram de encontro aos seus dois rastreadores: Kit e Tigre. Estes, por seu turno, haviam há pouco escapado de um repentino desmoronamento de pedras nas montanhas. Segundo perceberam, o desmoronamento fora provocado por jovem índia, que consegue escapar ilesa depois de várias disparos efetuados pelos dois em sua direção.

Neste momento, Tex envia sinais de fumaça a aldeia com destino a El Morisco avisando de sua chegada próxima. Morisco, seu fiel companheiro Eusébio, o feiticeiro Mangos e mais vinte guerreiros que já estavam fora da aldeia, na pista do Diablero recebem a mensagem e se apressam em pedir a Tex e seus companheiros que se unam a eles e principalmente não acampem a noite nas montanhas.

No entanto, os cincos cavaleiros preferem seguir a pista da squaw que parece conduzir ao velho templo asteca de Esmeralda. Porém, logo compreendem a espécie de perigo que os cercam. Vêem-se ameaçados repentinamente por uma alcatéia de lobos assassinos dos quais só se livram utilizando uma boa estratégia de proteção e a infalível artilharia de seus rifles.

Mitla, sabendo-se perseguida em sua fuga sabota a pequena ponte de corda e madeira suspensa acima do rio, única travessia entre dois paredões rochosos. O quinteto almejando chegar ao velho templo antes do anoitecer, só percebe o grande perigo quando dois deles já estão em plena travessia. A ponte parte-se. Por reflexo, Tex segura-se a uma ponta de corda e fica pendurado ao lado do rochedo. O Capitão Walson não tendo a mesma sorte desaba mortalmente com seu cavalo caindo no rio vários metros abaixo.

A lua já desponta, e no templo, em pleno ritual de feitiçaria, a jovem Mitla dá de beber ao companheiro Guaimas misteriosa poção de cogumelos e ervas. Ocorre então incrível metamorfose e o que fora um selvagem transforma-se num peludo ser avantajado que entre uivos e grunhidos escuta agora apenas o comando de morte da diabólica índia. Após reunir a sua volta uns cinco ou seis fiéis lobos assassinos, a assustadora criatura parte com eles em direção ao grupo de apaches que agora já se aproximava do templo.

Os índios, escutando os ameaçadores uivos e grunhidos, apressam-se em fazer um círculo de fogo como proteção, seguindo o comando de Mangos. Neste ínterim, Tex e seus pards, que chegados ao templo encontram-no vazio, seguem os mais recentes rastros de Mitla que se fazem acompanhados de um índio muito grande. Segundo deduzem: são dois diableros!

Não demoram muito para depararem com uma cena aterradora: um largo círculo de fogo com feroz luta mortal em seu interior. Diversos apaches feridos ao chão e outros defendendo suas vidas de temíveis lobos. Ao centro um imenso ser peludo - nem animal nem humano e com o corpo cravejado de flechas - erguendo no alto de sua cabeça como se fora galho seco de arvore, o indefeso Eusébio. Diante deles, estático, vê-se El Morisco e a poucos palmos ao lado Mangos, também sem ação.

Imediatamente os quatros companheiros descarregam seus rifles na estranha criatura que demora a sucumbir parecendo invulnerável aos projéteis desferidos. Não muito longe dali ouvem em alto som o lamento estridente de Mitla pela perda do sinistro companheiro.

Pouco depois de se recuperarem dos últimos eventos e haverem elaborado uma estratégia mínima de ação, os quatro valentes pistoleiros se põem em marcha em direção aos rochedos a fim de empreenderem uma caçada final á sua estranha inimiga.

Não demoram muito para terem idéia com quem estão lidando. Seguido de um horripilante grito de desafio são surpreendidos por outra mortal avalanche de pedras. Protegidos a tempo embaixo de uma grande rocha enquanto do alto escutam assustadores gritos, nossos heróis desconfiam que será difícil capturar viva sua caça conforme haviam prometido a El Morisco.

Retomando sua pista dentro da noite o quarteto logo se depara com outro obstáculo surpreendente: numa curva do caminho surge ameaçadoramente à frente enorme lobo. Imediatamente cravejado de balas pelos pistoleiros a figura resiste por algum tempo para em seguida simplesmente desaparecer. Atônitos os homens seguem a trilha quando numa outra curva mais acima ressurge o perigoso animal.

Novamente uma saraivada de balas é disparada, mas, ao se aproximarem não encontram nem vítima nem rastros no local. Deduzem se tratar de ilusão: um truque para deixa-los sem munição. Assim que mais adiante ao avistarem um grande puma no caminho seguem adiante sem se perturbarem.

Mitla perplexa com a atitude de seus perseguidores lhes aparece no alto das rochas com a lua clara como pano de fundo. Carson de rifle em punho instantaneamente dispara duas vezes em direção ao vulto e acredita ter ouvido um gemido, embora desconfiando de mais um truque.

A poderosa feiticeira cheia de ódio e desagrado parte imediatamente em direção ao velho templo asteca tencionando lá praticar sua vingança contra os intrometidos estrangeiros brancos. Ao mesmo tempo Tex e seus companheiros encontravam nas rochas altas, cabelos e um amuleto arrancado a pouco pelos disparos de Carson. Desta vez eles tinham certeza que a última visão não fora magia.

Enquanto o grupo fazia sua trajetória de descida dos canyons em plena madrugada, uma bela, mas perigosa índia percorria os charcos e sujos subterrâneos do templo com um archote nas mãos em meio a numerosas serpentes e dezenas de morcegos. O pensamento um só: vingança! Mas o destino tinha preparado para esta perigosa inimiga de Tex e seus parceiros um final totalmente inesperado, porém indiscutivelmente traçado por sua própria maldade.

Os quatros valorosos caçadores mal se deparam com as ruínas do templo e já antevêem que sua missão está concluída, gastando boa parte de sua munição nos labirintos daquela velha construção antes de retornarem, ao amanhecer, para El Morisco e o acampamento apache.

Texto de G.L.Bonelli com desenhos de G.Letteri.

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