quarta-feira, 24 de agosto de 2011

FAFÁ DE BELÉM NAS FILEIRAS SEPARATISTAS

Por Sérgio Alves de Oliveira*

ENGANA-SE QUEM PENSA que a mobilização separatista é algo residente somente no Sul brasileiro. Na verdade ela é um estágio da consciência que aos poucos vai prosperando em todas as Regiões. E está cada vez mais forte a conclusão que “o Brasil não deu certo”. Todas as tentativas de conserto foram feitas durante os ciclos da Colônia, do Império e da República. Tudo em vão. O que já era problema hoje se agravou de tal modo que só existe uma saída: o desmanche da federação e o surgimento de novos países conforme acordos regionais, colocando-se na lata de lixo todo o negativo acumulado durante os séculos.

Apesar do combate feito pela mídia servil ao Sistema, que montou uma armadilha e capturou nela muita gente de modo a formar um batalhão de estúpidos que lança toda sorte de ofensas infundadas contra o Povo Sulista - por sinal retrucados na mesma linguagem por alguns outros estúpidos sulistas - também vítimas dessa mídia, notadamente via internet, na verdade o intento autodeterminista hoje é fato consumado, irreversível.

Indo um pouco além, não foi o Rio Grande do Sul o pioneiro desse tipo de sentimento. Mas foi a única independência que deu certo, de 1836 a 1845 , por razões que aqui não cabem ser discutidas. Antes da “República Riograndense” veja-se a “República de Pernambuco” (Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte) em 1817 ; em 1824, a “Confederação do Equador ‘ (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas), quando o Império reagiu e matou muita gente, inclusive Frei Caneca. Também aí está a “Inconfidência Mineira”, de 1789, que buscou implantar a República de Minas Gerais, junto com algumas capitanias vizinhas, quando enforcaram Tiradentes.

E tem mais: o maior separatista com conhecimento de causa, ou seja, com plena consciência, que até hoje existiu na América Portuguesa não foi nenhum gaúcho, catarinense ou paranaense e sim um nordestino, Alyrio Wanderlei, que inclusive escreveu o clássico “As Bases do Separatismo” (Meira Editor, 1935) , expondo a situação da época que não só se manteve,porém se agravou. Wanderley tinha razão.

No Sudeste não é só Minas Gerais que está sintonizada na freqüência separatista com as lições do seu passado. São Paulo de longa data está no mesmo caminho. O Rio de Janeiro é que não têm precedentes, a não ser mais recentemente com a “piada” de separatismo na questão dos “royalties” do petróleo. Além de tudo o Rio, juntamente com Brasília (maior renda “per capita” do país), parecem ser os territórios mais “brasileiros” de todos, talvez por acostumados a mamar nas tetas de Governos e ao mesmo tempo produzirem praticamente nada. Por quê mudar (?), se está tão bom assim, talvez pensem!!!

Por sua vez o Norte tardou um pouco, mas finalmente se manifestou. Não através dos seus políticos. Foi através da cantora e compositora FAFÁ DE BELÉM que mostrou plena consciência com o que estão pretendendo fazer com o seu “país”, o Pará. Fez alguma coisa parecida com o que fez Elba Ramalho. Em 1983 Elba sacudiu a alma nordestina com a música “Nordeste Independente”, repetida em 1994, com igual sucesso.

Mas FAFÁ DE BELÉM se manifesta publicamente na política após participar ativamente da campanha “Diretas Já”, em 1980, onde foi considerada a “Musa das Diretas”. Agora sentiu a nova armadilha preparada pelos políticos para retirar duas porções do Estado do Pará, que ela considera seu país, e delas formar mais dois Estados, evidentemente decorrendo daí “montanhas e montanhas” de novas estruturas para acomodar mais políticos e servidores públicos.

Fafá foi contundente nas declarações que deu ao IG-Último Segundo, de 21.08.2011. Não concorda com a divisão do Pará porque o considera o seu país. E nós, autodeterministas do Sul, engajados no Movimento “O Sul é o Meu País” concordamos inteiramente com a grande cantora e patriota paraense, porquanto suas razões são as mesmas que nos movem. E nossa admiração é redobrada, e quase invejosa, em vista de Fafá levar no coração por todos os lugares onde passa, e no próprio nome artístico, o nome da capital do seu país: Belém. E isso causa um certo constrangimento aqui pelo Sul porque os artistas gaúchos que saem daqui para o centro do país geralmente acabam renegando a própria origem. Não é o caso de Fafá, dos nordestinos, e de todos os outros que jamais renegam suas verdadeiras pátrias.

Eventuais novos detalhes sobre a mobilização separatista do Sul podem ser colhidos no site www.patria-sulista.org.

*O autor é Sociólogo e Advogado Sulista. Autor de “Independência do Sul” (Martins Livreiro, 1986). Membro Fundador do GESUL.

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