sábado, 28 de maio de 2011

OS DANÇARINOS DE DOM PEDRITO

28 de maio de 2011
Sérgio Alves de Oliveira*

O orgulho do sistema foi acertado nos culhões quando seis ou sete jovens soldados do exército dançaram ao som do hino nacional em Dom Pedrito - RS. A “indignação” causada por esse fato foi parecida com a que ocorreu quando durante seus estudos, alunos da Academia Militar de Porto Alegre elogiaram Hitler, como estrategista militar.

Resta saber como esses fatos se comunicam e, caso afirmativo, em que dimensão. Ambos os fatos se deram com jovens militares. Os da Academia Militar quase foram linchados ao verem e escreverem as virtudes meramente militares do “Fuhrer”; os soldados gaúchos deram-se mal quando “inovaram” uma dança, apesar de estarem em serviço, ao som musical do hino nacional do Brasil, um dos “símbolos” da pátria, ao lado da bandeira.

Portanto: uns contaram os méritos daquele que perdeu a guerra e acabou erguido a demônio do sistema vencedor, apesar da justa condenação nas práticas desumanas que que Hitler ordenou e permitiu. Já os soldados dançarinos, inversa e exclusivamente aos olhos do Sistema, faltaram com o “respeito”a um dos símbolos nacionais.

Mas o elogio ao demônio e a atitude pouco respeitável ao hino são acontecimentos absolutamente normais na juventude que ainda não pegou os vícios petrificados dos generais, dentre os quais esconder a verdade e somente prestar continência ante os símbolos de um país que não deu certo e que ainda existe somente como obra de arte dos safados e cegos.

Os jovens militares falaram a língua do povo, apesar do entendimento contrário emprestado pela mídia servil ao Sistema. Duvido que os recrutas dançassem "funk" se fosse tocado o hino rio-grandense.

Em ambos os casos, quem pregou e prega moral, não tem nenhuma moral para pregar e deveria dirigir toda essa indignação e toda essa energia contestatória para os sucessivos e estarrecedores escândalos oficialmente acobertados. Como acabará essa história?

Certamente seu final será a condenação dos soldados e o “arquivamento” dos processos contra os corruptos.

*Sérgio Alves de Oliveira é autor de “A Independência do Sul” (Martins Livreiro Editor – 1986) e membro fundador do GESUL (Grupo de Estudos Sul Livre).

Sem comentários:

Enviar um comentário