quinta-feira, 31 de março de 2011

A Eterna Tecla Dos Nortistas


A Eterna Tecla Dos Nortistas

24 de julho de 2008

Por Fernando de Augustinho *

Ando com os ouvidos extenuados com absurdos do tipo: "Os sulistas acham-se melhores", como motivo da separação das três colônias em relação à metrópole. Esse engodo, jogado aos que preferem aceitar a interpretação maldosa de terceiros, não pode ser considerado desestimulante para quem estabeleceu conceito próprio e luta para evidenciar o verdadeiro intuito das ações autonomistas. Tal campo de debate, tornado em uma das tábuas de salvação, onde se agarram os satisfeitos com o caos, parece não ter fim. Afinal, podem os sulistas obter êxito numa triagem racial?

Os estudos realizados nesta parte meridional não se norteiam por obras fabulosas como a de Ira Levin, em "Os Meninos do Brasil", cuja trama pretendia formar um novo líder, à semelhança do existente, para um mega empreendimento distinto. Mesmo com o topônimo pertinente do título, tolice é semelhante proposta entre um povo miscigenado.

Combater a incorporação cultural é outro terreno visivelmente nada fértil, haja vista vários grupos pilchados comercialmente entrando na onda do "tira o pé do chão" ou "bota a mão no joelho", em detrimento ao valoroso costume sulista. Há quem goste.

Tampouco, a separação pretendida é a geográfica, por ser absurda em si própria. Manifestamente, o sul autônomo continuará no mesmo lugar. Os desconfiados que confiram.

Outrossim, não pode o sulino ser denominado de egoísta, pois busca a desvinculação pensando nas gerações futuras e não no imediatismo. Óbvio, após a separação, não é do dia para a noite que transformaremos o inominável atual em uma grande nação. Temos um trabalho hercúleo nos esperando. Isso é ponto pacífico. Quem discordar que traga a receita.

Fica por resposta à indagação, simplesmente, que não podem. Ressalte-se também que não querem. Não ficarão entretidos num despropositado escárnio em relação ao sotaque, gosto ou pigmentação das pessoas. Uma mesma criação, não raro, produz irmãos comportamental e fisicamente desiguais debaixo de um mesmo teto. Impossível seria distinguir socialmente um ambiente milhares de vezes mais vasto.

Gostamos de preservar a cultura nativa, fundida com a trazida pelos imigrantes. O povo que não valoriza as raízes não enxerga o futuro. Isso não significa que pessoas oriundas de outras regiões, também com seus hábitos, seriam indesejáveis no sul. Quem quiser contribuir para o crescimento do sul, que venha, seja lá qual for o seu nível de melanina. O que realmente importa é o seu empenho na construção de uma nação séria. Teremos em mente "cor unum, via una" (um só coração e um só caminho).

Na ideologia sulista existe o sentimento de respeito às diferenças e às leis. Sob a égide dessa última, todos devem ser equiparados. Atrocidades como a do menino arrastado por quilômetros são inconcebíveis. Os monstros estão presos. Ainda bem que não são os mesmos do episódio do pobre índio Galdino. Aqueles, absolvidos por não terem culpa do que fizeram. Se um índio matasse o filho de um fidalgo, seu destino seria também a liberdade?

Enfim, o que se combate é a desproporção imposta pela (des)estrutura organizacional, nesse camaleão federativo, e tudo o que isso acarreta. Não só aos sulinos, mas a todas as regiões, forçando os governadores a percorrem quilômetros para pedir farelos do nosso próprio pão. Simplesmente, queremos a casa administrada por nós mesmos.

Longe de realizar ensaios eugênicos, acreditar no potencial da sua terra não é dizer que é a melhor de todas. Não precisa ser. Basta que seus moradores estejam satisfeitos nela.

(*) FERNANDO DE AUGUSTINHO é tesoureiro do Movimento O Sul é o Meu País.

Sem comentários:

Enviar um comentário